domingo, 17 de janeiro de 2010

Pastor de Ovelhas ou de Lobos?


Na sua segunda carta a Timóteo, o apóstolo Paulo escrevendo ao jovem pastor nos deixa um alerta em relação ao verdadeiro chamado e função do pastor, quando diz:

"Ninguém que milita se embaraça com negócio desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra". 2 Tm 2:4

O texto dessa semana tem como objetivo desenvolver uma reflexão cristã, a partir dos comentários do blog, sobre o verdadeiro “sacerdócio” de um líder religioso, em especial, nosso caso, da figura do pastor de igrejas evangélicas.

Um desdobramento da questão se refere à relação entre igreja e política. Se lembrarmos do escândalo do mensalão e dos sanguessugas, verificaremos que da "Ala evangélica" não ficou pedra sobre pedra que não fosse derrubada.

No recente escândalo de Brasília, três figuras evangélicas se destacaram, Leonardo Prudente (DEM), Júnior Brunelli (PSC), Eurides Brito (PMDB), que se dizem evangélicos aparecem nos vídeos recebendo propina.

Se lembrarmos do escândalo do Mensalão e Sanguessugas veremos o quão prejudicial tem sido para a igreja eleger pastores para o congresso nacional. A grande maioria dos 61deputados da chamada “Bancada Evangélica” foram apanhados primeiro recebendo o “mensalão”, depois pela operação Sanguessuga da Polícia Federal.

A quadrilha era chefiada pelo então bispo Rodrigues da IURD e integrada por vários pastores de outras denominações evangélicas, num esquema que movimentou R$ 110 milhões. Dentre os vários que foram pegos: Ronivon Santiago (PP-AC), a deputada Edna Macedo (PTB-SP), irmã do bispo Edir Macedo, seu filho Octávio José Bezerra; o deputado Reginaldo Germano (PP-BA), pastor José Divino (PMDB-RJ), pastor João Mendes de Jesus (PSB-RJ) pastor Marcos de Jesus (PL-PE) e pastor Vieira Reis (PRB-RJ).

No escândalo dos Sanguessugas, a igreja Universal do Reino de Deus é a mais envolvida com o escândalo. Constatou-se a participação de 17 dos seus 18 deputados.
Em segundo lugar aparece a Igreja Assembléia de Deus com nove deputados envolvidos. A Igreja do Evangelho Quadrangular tem dois envolvidos. Com um parlamentar envolvido estão a Igreja Batista e a Internacional da Graça.

Os fatos falam por si só. Parece inegável o fato de que seria muito melhor para a igreja deixar de eleger pastores para o Congresso Nacional sob pena de vê-los envolvidos em escândalos sem fim, promovendo manchas muito duradouras na história do povo evangélico brasileiro.

Soli deo gloria

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Quem disse que crente não pode ficar doente?


Uma das piores pragas que contaminaram a vinha do Senhor a partir dos anos 70 foi a maldita “Teologia da Prosperidade”. Maldita porque o próprio apóstolo Paulo nos orientou no livro de Gálatas a ter como maldito qualquer outro “evangelho” além do que nos foi dado. Uma das características fundamentais dessa falsa teologia é a de que os crentes não devem ficar doentes (entendem que doença nasce de falta de fé, pecado, etc). Mas será que essa afirmação se sustenta a luz da bíblia?

Inicialmente, faz-se necessário afirmar que Jesus continua curando, pois ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb 13:8). No quinto capítulo de sua epístola o apóstolo Tiago também orienta os presbíteros a orarem pelos enfermos da Igreja “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da Igreja, e orem sobre ele ungindo-o com azeite em nome do Senhor" (Tg 5:14). Eu particularmente já orei por algumas pessoas e Jesus as curou. Mas também é verdade que muitos servos e servas do Senhor, homens e mulheres de fé permanecem com enfermidades durante toda a sua vida, e, não raro, morrem por causa dessas enfermidades”.

Na históira da igreja, grandes homens de Deus, cheios de fé, padeceram de enfermidades. No livro de Reis, o mesmo Eliseu que realizou 16 milagres, como multiplicar o azeite da viúva, ressuscitar o filho dela, que fez o machado flutuar nas águas, etc, é o mesmo Eliseu do qual o texto declara “E Eliseu estava doente da enfermidade de que morreu” (2 Rs 13:14). Um segundo exemplo que pode ser citado é o de Timóteo, o qual o próprio apóstolo Paulo, pai na fé de Timóteo, recomenda um remédio para aliviar suas enfermidades freqüentes “Não bebas mais água só, mas usa de um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades” (1 Tm 5:23). O próprio baluarte da fé, Paulo, sofreu de enfermidade que o Deus não curou (2 Co 12:7-9). Essa enfermidade do apóstolo é confirmada em Gl 4:14 que diz “Embora a minha doença lhes tenha sido uma provação, vocês não me trataram com desprezo ou desdém; ao contrário, receberam-me como se eu fosse um anjo de Deus, como o próprio Cristo Jesus”(NVI). Escrevendo a sua segunda epístola a Timóteo já no final do seu ministério, Paulo também declara que não pode curar a um amigo enfermo “Erasto ficou em Corinto. Quanto a Trófimo, deixei-o doente em Mileto” (2 Tm 4:20). Por fim, no capítulo 11 do livro de Hebreus, na galeria dos heróis da fé, nos é dito o seguinte a respeito dos heróis da fé: “Uns foram torturados e recusaram ser libertados, para poderem alcançar uma ressurreição superior; outros enfrentaram zombaria e açoites; outros ainda foram acorrentados e colocados na prisão, apedrejados, serrados ao meio, postos à prova, mortos ao fio da espada. Andaram errantes, vestidos de pele de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos e maltratados. O mundo não era digno deles”

O que realmente importa não é como iremos partir desse mundo, mas onde chegaremos após essa partida. Muitas pessoas vivem felizes porque irão para o céu, mas se pudessem nunca pisariam o pé lá. Devemos pensar a morte como lucro e não como perda, como fez o apóstolo Paulo escrevendo aos filipenses: “Segundo a minha intensa expectação e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a confiança, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte. Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei então o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor”.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O Verdadeiro Significado de Mt 6:33


“buscai, pois, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua Justiça, e ??? vos serão acrescentadas” (Mt 6:33)

Diferente do que muitos têm ensinado e pregado, o texto de Mateus 6:33 não ensina nem nunca ensinou que aqueles que dão prioridade ao reino de Deus e a sua Justiça receberão do Senhor “TODAS AS COISAS”. Na verdade essa expressão não se encontra no texto.

Quais são, portanto, as verdadeiras bênçãos prometidas no texto? Em primeiro lugar precisamos entender o porquê de Jesus ter falado essas palavras.

No capítulo 6, a partir do verso 25, Jesus exorta seus discípulos contra a ansiedade pelas coisas dessa vida (comida e roupas). Então continua do verso 26 até o verso 32, mostrando que como Deus alimenta as aves do céu, que não semeiam nem colhem, nem ajuntam em celeiros e, da mesma forma, veste os lírios do campo, que não trabalham nem tecem, esse mesmo Deus cuidaria dos seus filhos, que tinham muito mais valor do que aves ou lírios.

No verso 31 Jesus reforça a exortação do verso 25, para que seus discípulos não tenham uma atitude incrédula em relação ao cuidado de Deus, pois diziam “Que comeremos? Que beberemos? ou: Com que nos vestiremos?”

O verso 33 constitui-se na conclusão dos versos 25-32. A expressão “Portanto” trás a idéia de arremate do que foi dito anteriormente em relação à ansiedade pela comida e roupa. “ESSAS COISAS” que Jesus prometeu se refere à comida, bebida e roupas.

Portanto, os que buscarem em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça têm a promessa de que lhe serão dados como acréscimo comida, bebida e roupas. Essa é a promessa que Jesus fez aos seus discípulos.

Soli Deo Gloria

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Apocalipse: 03 observações importantes


Antes de adentrar num estudo pormenorizado do livro das revelações, o estudioso deve observar algumas questões essenciais, que o impedirão de cometer vários erros de interpretação, além de lhe proporcionar alicerces seguros para o estudo do livro. Vamos às observações.

Diferente do que muitos acreditam, o apocalipse não é um livro selado, que trata de coisas encobertas, ocultas, mistérios. Muito pelo contrário. Apocalipse vem do grego e significa “tirar o véu”, revelar o que está escondido (1:1). A ordem de Deus para o apóstolo João foi: “Não seles as palavras da profecia deste livro, porque o tempo está próximo” (22:10). Então não há sentido em orar pedindo que Deus revele os “mistérios” do apocalipse, pois tudo foi revelado, o véu já foi tirado. O trabalho que resta para a igreja é de interpretação.

Uma outra idéia errônea a respeito do livro é que, essencialmente, o livro trata de tragédia, de catástrofe, caos. Pelo contrário, o objetivo principal do livro foi trazer esperança para uma igreja perseguida e sofredora, na iminência de ser aniquilada pelo imperador romano Domiciano e, num âmbito geral, para a igreja que sofre em toda a história do cristianismo. O tema principal do livro é a vitoria de Cristo e sua igreja sobre o dragão (satanás) e seus aliados (17:14).

A terceira questão equivocada é a criativa afirmação de que as sete igrejas representam sete períodos da história da igreja cristã. Asseveram que Éfeso representaria a igreja primitiva do primeiro século e Laodicéia representa o último período da igreja. Essa afirmação não é corroborada por nenhum texto das escrituras. Logo, deve ser rejeitada.
Soli Deo Gloria

domingo, 15 de novembro de 2009

Ciência: contra ou a favor de Deus?


O conflito entre fé e “razão” é histórico. Nos dois primeiros séculos a igreja primitiva teve que enfrentar três grandes desafios para sobreviver: o gnosticismo, o montanismo e o filósofo pagão Celso.

Na idade moderna, com o advento do iluminismo (a era da razão), esse conflito se exacerbou de tal forma que chegou ao seu extremo ao afirmar que a crença num Deus pessoal e na bíblia não condizia com a racionalidade humana.

Verdade é que como afirmou o famoso historiador Will Durant “a ciência da ao homem poderes cada vez maiores, mas significados cada vez menores; aprimora seus instrumentos e despreza seus propósitos; silencia sobre as origens, valores e objetivos finais; não dá à vida ou à história significado ou valor que não seja cancelado pela morte ou pelo tempo que tudo consome”.

Afinal, a ciência é contra ou a favor de Deus? Para responder a essa pergunta de forma apropriada precisamos inicialmente desmistificar a idéia insana de que todo cientista é por definição um ateu ou que Deus não combina com a ciência.

Na verdade, o que se estabelece é justamente o contrario. Praticamente todos os grandes vultos da ciência declararam sua fé num Deus pessoal. Vejamos, agora, de que lado a ciência realmente está.

Vejamos, abaixo, apenas alguns exemplos de grandes vultos da ciência que se declararam abertamente crentes em Deus.

Francis Bacon (1561-1626) método científico
Galileu Galilei (1564-1642) física e astronomia
Johannes Kepler – Pai da Astronomia
Robert Boyle – Pai da Química moderna
Blaise Pascal – Um dos maiores matemáticos do mundo e pai da hidrostática
Isaac Newton – Pai da física clássica
John Dalton (1766-1844) – Pai da Teoria Atômica Moderna
John Ray – Pai da história natural inglesa
Gregory Mendel – Pai da Genética
Albert Eistein- Maior gênio da ciência mundial
Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716) Matemático famoso
John Hutchinson (1647-1737) Paleontologia
Willian Huggins – Pai da espectrometria astronômica
Paul Lemoine - Geologia
Michael Faraday – um dos maiores físicos de todos os tempos
Louis Agassiz – Pai da geologia glacial
Arthur E. Wilder Simit (1915-1995) – Pioneiro do criacionismo moderno, possuidor de 03 (PhDs).

Por questão de espaço não elencamos mais cientistas, mas a lista e interminável. Então, a conclusão mais provável é que a ciência esta ao lado de Deus e não contra Ele.

A Ele seja dada toda glória.

Bibliografia consultada
LOURENÇO, Adauto. Como tudo começou. Fiel: São Paulo, 2007.

sábado, 7 de novembro de 2009

Merece Confiança o Novo Testamento?


Uma das questões clássicas levantadas por todos aqueles que questionam a credibilidade do Novo Testamento diz respeito ao fato de não termos os autógrafos (cópias originais) do texto. Daí argumentam que por possuirmos apenas “cópias de cópias” não podemos saber com precisão o que realmente estava no texto original. Somado a isso, afirmam que historicamente a igreja tem mudado o texto sagrado a seu bel prazer.

Antes de prosseguirmos é importante afirmar que não é apenas o Novo Testamento que não possui os autógrafos. Nenhuma das grandes obras clássicas da antiguidade possui autógrafos. Possuem apenas cópias de cópias. É digno de nota, também, que segundo o erudito em NT, Bruce Metzger, os maiores críticos da bíblia hoje acreditam que o texto que temos é 99% igual aos originais.

Mas até onde se sustentam qualquer um dos questionamentos em relação ao Novo Testamento? O intuito desse artigo não é provar a inspiração do Novo Testamento, apenas sua confiabilidade histórica. Para fazermos isso, faz-se necessário utilizar os mesmos critérios usados para se testar qualquer documento histórico antigo. O principal critério utilizado é o chamado teste bibliográfico, que consiste na análise do número de manuscritos existentes e da quantidade de tempo decorrido entre o texto original e as últimas cópias.

John Warwick Montgomery, jurista e reitor da Faculdade de Direito Simon Greenleaf, Estados Unidos, afirma que “ter uma atitude cética quanto ao texto disponível nos livros do Novo Testamento é permitir que toda a antiguidade clássica se torne desconhecida, pois nenhum documento da história antiga é tão bem confirmado bibliograficamente como o NT”.

Em relação ao primeiro critério bibliográfico, quantidade de manuscritos existentes, o Novo Testamento é inigualável. Atualmente sabe-se da existência de pelo menos 5300 manuscritos gregos do Novo Testamento. Somam-se a esse número mais 10.000 manuscritos da Vulgata Latina e, pelo menos, 9300 de outras antigas versões, perfazendo um total de aproximadamente 24.600 manuscritos.

Mas dos principais textos clássicos antigos, qual vem em segundo lugar? Em segundo lugar temos “A ilíada” de Homero, obra clássica da literatura grega, que possui apenas 643 manuscritos. As Guerras Gaulesas, de Júlio César, possui vários manuscritos, mas apenas 9 ou 10 estão em boas condições; apenas 07 cópias das Tetralogias de Platão sobreviveram; dos 142 livro da História Romana de Lívio, subsistem apenas 35, que são conhecidas através de não mais de 20 manuscritos; 02 cópias dos Anais de Tácito e 08 cópias da História de Tucídedes. Logo, um a zero para o NT.

Ao observarmos o segundo critério, tempo decorrido entre os originais e as últimas cópias, não restará dúvida da supremacia do Novo Testamento sobre a literatura clássica antiga. Temos manuscritos completos de aproximadamente 250 anos após os autógrafos. Segundo os eruditos, o texto mais próximo dos originais que possuímos é o papiro P52 (do evangelho de João), conhecido como John Rylands, datado de 110 a 125a.D. Esse papiro foi escrito 20 ou 30 anos após o autógrafo. Alguns eruditos ainda acreditam que existe um manuscrito ainda mais antigo, o P46, Chesser Beatty, que contém as epistolas paulinas, exceto as pastorais. Esse manuscrito foi datado do final do primeiro século.

E os principais textos clássicos da antiguidade? O texto completo da Ilíada, de Homero, data de 1300 dC; as “Guerras Gaulesas” de César, o manuscrito mais antigo está a 900 anos de distancia do autógrafo; das duas principais obras do maior historiador romano Tácito, “Histórias e Anais”, os dois manuscritos existentes datam de 800 e 1000 anos após os originais. Agora, dois a zero para o NT.
Respondendo a pergunta inicial. O Novo Testamento é digno de toda confiança, pois supera de forma inigualável, no critério bibliográfico, qualquer das mais importantes literaturas clássicas da antiguidade. Negar o Novo Testamento implica, necessariamente, negar toda a literatura clássica antiga.

Soli Deo Gloria.

Bibliografia Consultada
MACDOWELL, Josh. Evidências que exigem um veredito. São Paulo: Candeia, 1996
STROBEL, Lee. Em defesa de Cristo. São Paulo: Vida, 2001.
GEISLER, Norman. Enciclopédia de Apologética. São Paulo: Vida, 2002.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Não Quero Ser Apóstolo


Ser pastor não basta, ser reverendo caiu de moda, bispo ficou para trás. O negócio mesmo agora é ser apóstolo. A era do espetáculo chegou!

A partir dos anos de 1990 começaram a surgir no meio de alguns círculos “evangélicos”, notadamente no meio “neo-pentecostal”, os chamados apóstolos. No Brasil o número desses “excêntricos” já ultrapassa o número de dedos das mãos.

Mas será que existe alguma base bíblica para a existência do ofício de apóstolos hoje? O que dizer daqueles que se auto-intitulam apóstolos? A palavra apóstolo pode ser usada num sentido amplo ou restrito. Num sentido amplo, apóstolo significa aquele que é “enviado como um missionário pioneiro”. Num sentido restrito, que é o mais comum no NT, refere-se a um ofício específico, que se encerrou no primeiro século.

No Novo Testamento, os apóstolos foram homens autorizados a falarem em nome de Deus de forma absoluta (2 Pe 1:20-21), ou seja, suas palavras escritas foram sopradas diretamente de Deus, inspiradas. Não escutá-los ou desobedecê-los seria semelhante a não escutar e desobedecer ao próprio Deus. Logo, o fato de falarem em nome de Deus de forma absoluta limita esse ofício ao primeiro século, à época da formação do Cânon (coleção de livros da bíblia). Todo apóstolo teria autoridade de acrescentar palavras as escrituras. Como hoje ninguém pode fazer isso, ninguém pode biblicamente ser chamado de apóstolo.

Em segundo lugar, para ser um apóstolo era necessário preencher duas qualificações. (1) Ter visto a Jesus após a ressurreição, ou seja, ser testemunha ocular da ressurreição de Cristo (At 1:22). Em I Co 15:7-9, Paulo defende seu apostolado com base no fato de ter preenchido também esse requisito. (2) Ter sido especificamente comissionado pelo próprio Jesus Cristo como seu apóstolo e ter aprendido dele.

Isso está claro no chamamento dos 12 apóstolos por Jesus (Mt 10:1-7). Quando Judas teve que ser substituído, os 11 apóstolos não tomaram para si mesmos a responsabilidade de escolheram outro apóstolo, mas recorreram ao próprio Jesus para que revelasse quem haveria de substituir a Judas (At 1:24-26). Paulo reforça a necessidade do chamado pelo próprio Jesus para o apostolado quando afirma que o próprio Cristo o designou para apóstolo (At 26:16; Gl 1:1; Rm 1:1). Além disso, Paulo afirma que aprendeu do próprio Jesus.

Mas quantos apóstolos no sentido estrito da palavra existiram? Inicialmente Jesus escolheu a 12. Com a morte de Judas, Matias é escolhido como sucessor (At 1:26). Esse grupo único de 12 apóstolos é tão especial que seus nomes estão escritos nos fundamentos da cidade celestial (Ap 21:14).

Além dos 12 chamados inicialmente, o Novo Testamento nos declara mais três apóstolos convocados pelo próprio Jesus. O primeiro foi Paulo (I Co 15:7-9). Atos 14:14 chama a Paulo e Barnabé de apóstolos. Então, agora, com Paulo e Barnabé temos 14 apóstolos de Jesus Cristo. Um último chamado também de apóstolo é Tiago, irmão de Jesus (Gl 1:19). Ainda em Gl 2:9, Paulo se reporta a Tiago, Pedro e João como coluna da igreja de Jerusalém. Por último, Tiago preside juntamente com Pedro o importante concílio de Jerusalém (At 15:13-21).

Finalmente, parece muito claro o fato de que após o apóstolo Paulo, ninguém mais foi comissionado como apóstolo. Paulo expressou isso quando alista as aparições de Jesus e como Cristo lhe apareceu e afirma que essa foi a “última” aparição, e que ele mesmo é certamente o menor de todos os apóstolos por ter sido o último a ser chamado. (I Co 15:5-9).

É digno de nota também que nenhum dos grandes nomes da igreja, como Atanásio, Agostinho, Lutero, Wesley, Whitefield tomaram para si o nome de apóstolos. Qualquer que hoje toma para si esse título, logo levanta a séria suspeita de que são motivados por orgulho e desejo de auto-exaltação, além do desejo de terem mais autoridade do que os que “simplesmente” são pastores.

Por isso, não quero ser apóstolo.
Soli deo gloria.

Bibliografia consultada
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2003